terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Quinto Império

– símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e descontente com o que se tem e o que se é! (“Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer da asa.../Triste de quem é feliz!”) O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o Portugal-espírito, ente de cultura e esperança, tanto mais forte quanto a hora da decadência a estimula.

O Humanismo

O Humanismo é uma postura de vida democrática e ética, que afirma que os seres humanos têm o direito e a responsabilidade de dar sentido e forma às suas próprias vidas. Defende a construção de uma sociedade mais humana, através de uma ética baseada em valores humanos e outros valores naturais, dentro do espírito da razão e do livre-pensamento, com base nas capacidades humanas. O Humanismo não é teísta e não aceita visões sobrenaturais da realidade."


é um movimento intelectual e literário, que consistiu sobretudo num renovado interesse pelos autores e obras da Antiguidade Clássica, e numa nova interpretação do Homem e do seu lugar no Universo.

Esta nova concepção do mundo e da vida deu os seus primeiros passos na Península Itálica (não nos esqueçamos que a Itália, enquanto País unificado, ainda não existia).

O Sebastianismo

O Sebastianismo é um mito nacional religioso. "D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de névoa, no seu cavalo branco..."

O sebastianismo, fundamentalmente, o que é?

É um movimento religioso, feito em volta duma figura nacional, no sentido dum mito.

No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal: Portugal que perdeu a sua grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la com o regresso dele, regresso simbólico (como, por um mistério espantoso e divino, a própria vida dele fora simbólica (mas em que não é absurdo confiar. D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de névoa, no seu cavalo branco, vindo da ilha longínqua onde esteve esperando a hora da volta.

A manhã de névoa indica, evidentemente, um renascimento anuviado por elementos de decadência, por restos da Noite onde viveu a nacionalidade.

Datas mais importantes

-1524 Ou 1525: Datas prováveis do nascimento de Luís Vaz de Camões, talvez em Lisboa.
- 1548: Desterro no Ribatejo, alista-se no Ultramar.
- 1549: Embarca para Ceuta, perde o olho direito numa escaramuça contra os Mouros.
-1551: Regressa a Lisboa.
-1552: Numa briga, fere um funcionário da Cavalariça Real e é preso.
-1553: É libertado; embarca para o Oriente.
-1554: Parte de Goa em perseguição a navios mercantes mouros, sob o comando de Fernando de Meneses.
-1556: É nomeado provedor-mor em Macau; naufraga nas Costas do Camboja.
-1562: É preso por dívidas não pagas; é libertado pelo vice-rei Conde de Redondo e distinguido seu protegido.
-1567: Segue para Moçambique.
-1570: Regressa a Lisboa na nau Santa Clara.
-1572: Sai a primeira edição d’Os Lusíadas.
-1579 Ou 1580: Morre de peste, em Lisboa.

Os Lusíadas Estrutura Interna e Externa

A estrutura externa

O poema está escrito em versos decassílabos, com predomínio do decassílabo heróico (acentos para 6ª e 10ª sílabas). É considerado o metro mais adequado á poesia épica, pelo seu ritmo grave e vigoroso. Surgem também alguns exemplos raros de decassílabo sáfico (acentos na 4ª, 8ª e 10ª sílaba).

- As estrofes são de oito versos e apresentam o seguinte esquema rimático – “abababcc” ( a este tipo estrófico costuma chamar-se oitava rima, oitava heróica ou oitava italiana)

- As estrofes estão distribuídas por 10 cantos. O número de estrofes por canto vario de 87, no canto VII, a 156 no canto X. No seu conjunto, o poema apresenta 1102 estrofes.


A estrutura interna

1. As partes constituintes
Os Lusíadas constroem-se pela sucessão de quatro fontes:
- Proposição – parte introdutória, na qual o poeta anuncia o que vai cantar (Canto I, estrofes 1-3)

- Invocação – pedido de ajuda as divindades inspiradores (A principal invocação é feita as Tágides, no canto I, estrofes 4 e 5, ás Ninfas do Tejo e do Mondego, no canto VII 78-82 e, finalmente, a Calíope, no Canto X, estrofe 8)

- Dedicatória – oferecimento do poema a uma personalidade importante. (Esta parte, facultaria, pode ter origem nas Geórgicas de Virgilio ou nos Fastos de Ovídio; não existe em nenhuma das epopeias da Antiguidade)

- Narração – parte que constitui o corpo da epopeia; a narrativa das acções levadas a cabo pelo protagonista. (Começando no Canto I, estrofe 19, só termina no Canto X, estrofe 144, apresentando apenas pequenas interrupções pontuais).

O Renascimento cultural

Manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg.

Renascimento

Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do século XVII, mas os estudiosos não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor.

-Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna.

-Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é o mais comovente para descrever os seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.

Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direcção a um ideal humanista e naturalista.
O termo foi registado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem".

As fontes científicas de Camões

As fontes que Camões terá usado na composição de Os Lusíadas têm apaixonado várias gerações de camonianos. Julga-se ter identificado com alguma segurança o chamado Roteiro da Viagem de Vasco da Gama e a História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, de Fernão Lopes de Castanheda. Mas ficam de fora as fontes que o poeta possa ter consultado para estudar os fenómenos naturais e astronómicos que refere com tanta precisão ao longo do poema.
É bem conhecida, por exemplo, a referência ao fogo-de-santelmo no Canto V – «Vi, claramente visto, o lume vivo/ Que a marítima gente tem por santo». É bem conhecida também, a descrição da tromba de água - «Eu o vi certamente (e não presumo/ Que a vista me enganava): levantar-se/ No ar um vaporzinho e sutil fumo» (V, 19) - e sabe-se, por comparação de conteúdos, que poderia ter sido baseada no Roteiro de Lisboa a Goa de D. João de Castro, de que devem ter corrido cópias manuscritas nos tempos de Camões. Mas é verdade que o poeta, tendo singrado os mares, pode ter usado directamente a sua experiência e observação, como, aliás, o dá repetidamente a entender.
Quando descreve alguns fenómenos astronómicos, Camões não pode, contudo, ter-se baseado apenas na sua experiência nem em leituras secundárias. «Nem me falta na vida honesto estudo», diz quase no fim do Poema, «com longa experiência misturado» (X, 154). A precisão com que fala da «grande máquina do Mundo» (X, 80) e se refere repetidamente a difíceis conceitos astronómicos indica ter-se baseado no «honesto estudo» da cosmologia da época.
Luciano Pereira da Silva (1864-1926) foi o primeiro a analisar sistematicamente as referências astronómicas do Poema. Num trabalho clássico, publicado primeiramente entre 1913 e 1915 na «Revista da Universidade de Coimbra» e depois editado em separata com o título A Astronomia de Os Lusíadas, em 1915, este professor de matemática de Coimbra mostra que «Camões tinha um conhecimento claro e seguro dos princípios fundamentais da astronomia, como ela se professava no seu tempo». E conclui que o poeta deve ter estudado as Theoricae Novae Planetarum de Jorge Purbáquio (1423-1461), obra que veio a lume em 1460 e teve larga difusão pela Europa. Em Portugal, a obra de Purbáquio chegou, nomeadamente, através de tradução e comentário que Pedro Nunes (1502-1578) fez incluir no seu Tratado da Sphera de 1537.
O estudo de Luciano Pereira da Silva esteve esgotado durante muitos anos. Foi reeditado em 1972, mas essa edição também se esgotou.

Mensagem

O projecto da Mensagem é o de superar o carácter obsessivo e nacional d’Os Lusíadas no imaginário mítico-poético nacional. Os Lusíadas conquistaram o título de “evangelho nacional” e foram elevados à categoria de símbolo nacional. A Mensagem logo no seu título aponta para um novo evangelho, num sentido místico, ideia de missão e de vocação universal. O próprio título indicia uma revelação, uma iniciação.

Tal atitude produziu, alem do poema á memória do presidente-rei sididonio pais (in acção, 1920), a mensagem (1934), primeiro e único livro Fernando pessoa publicado na sua vida, pois só transmitira a lume alguns folhetos e colaboração em revistas.
Colectânea de poesias em geral breves, exactas compostas em épocas diferentes, tem no entanto unidade de inspiração (percorrendo-a um sopro patriótico de exaltação e de incitamento) e certo equilíbrio arquitectónico.
Em três partes, onde desfilam os heróis lendários ou históricos, desde ulises a D.sebastiao, ora invocados pelo poeta, ora definindo-se a si próprio, mar português, com poesias inspiradas na ânsia do desconhecido e no esforço heróico da luta com o mar; o encoberto, que compreende os símbolos, os tempos, e onde se afirma um sebastianismo de apelo e de certeza pende os símbolos.
A poesia da mensagem é uma poesia épica, fragmentaria como pela atitude introspectiva, de contemplação no espelho da alma.
Dum modo geral interioriza, mentaliza a matéria épica, integrando-a na corrente subjectiva.
A mensagem encerra espaços, que já andam na memoria dos portugueses.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Modulo 10 Luis de camoes

1524 Ou 1525: Datas prováveis do nascimento de Luís Vaz de Camões, talvez em Lisboa.
- 1548: Desterro no Ribatejo, alista-se no Ultramar.
- 1549: Embarca para Ceuta, perde o olho direito numa escaramuça contra os Mouros.
- 1551: Regressa a Lisboa.
- 1552: Numa briga, fere um funcionário da Cavalariça Real e é preso.
- 1553: É libertado; embarca para o Oriente.
- 1554: Parte de Goa em perseguição a navios mercantes mouros, sob o comando de Fernando de Meneses.
- 1556: É nomeado provedor-mor em Macau; naufraga nas Costas do Camboja.
- 1562: É preso por dívidas não pagas; é libertado pelo vice-rei Conde de Redondo e distinguido seu protegido.
- 1567: Segue para Moçambique.
- 1570: Regressa a Lisboa na nau Santa Clara.
- 1572: Sai a primeira edição d’Os Lusíadas.
- 1579 Ou 1580: Morre de peste, em Lisboa.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Conclusão

Com a realização deste trabalho, conclui-se que Fernando Pessoa foi um grande poeta dos inícios do século XX.

Partiu para África do Sul muito cedo permitindo-lhe aprender e cultivar muito bem a língua inglesa. Trabalhou e colaborou em várias revistas. Delas são exemplo as revistas “Athena”, “Orpheu” e “Presença”.

Através de amigos que viviam no estrangeiro mantinha contacto com o que se passava na Europa, tornando-se adepto de uma nova corrente artística que se tentava infiltrar em Portugal – o Modernismo. Pessoa foi um dos grandes impulsionadores do Modernismo em Portugal, tendo colaborado com vários artigos difusores das ideias modernas para várias revistas.

Homem de grande pluralidade e densidade psicológica Pessoa era capaz de se “subdividir” em várias personalidades completamente diferentes da sua, os heterónimos. Deles destacam-se Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro (“O Mestre”). Cada um tinha uma maneira completamente distinta de escrever, tendo despertado grande curiosidade e levando muitos especialistas a estudar Pessoa. Isto também porque como a sua obra permaneceu em grande parte inédita não permitiu o seu estudo pormenorizado. A sua obra está traduzida em várias línguas e pode ser dividida em duas grandes categorias – ortónima e heterónima.

Modernismo

Chama-se Modernismo (ou Movimento Moderno) ao conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que premearam as artes, a literatura, a música e até o cinema, na primeira metade do século XX.

Com um final de século conturbado em Portugal e na Europa (“Mapa-cor-de-rosa”, Ultimato Inglês, queda da monarquia e implantação da República, 1ª Guerra mundial, instituição da Ditadura Militar, ascensão do Fascismo e do Estado Novo)o Modernismo não exerceu grande influência na sociedade Portuguesa da época.

Esta corrente artística foi introduzida em Portugal a partir da publicação de uma série de artigos em jornais e revistas da época, das quais se destaca a revista “Orpheu”, considerada marco do Modernismo Português. Embora não tendo exercido grande influência na sociedade, estes novos ideais não foram mal recebidos, não foram ignorados nem vítimas de sarcasmo ou indignação por parte da população.

Este movimento não era fácil de caracterizar devido ao aparecimento de múltiplos submovimentos, os chamados – ismos (cubismo, futurismo, Sensacionismo), em simultâneo a esta corrente, no entanto, pode-se dizer que o Modernismo se baseava na ideia de que as formas “tradicionais” das artes, literatura, música e até da organização social e da vida quotidiana se tinham tornado ultrapassadas. Assim, re-examinou-se cada aspecto da vida para substituir o “antiquado” por novas e possivelmente melhores formas, com vista a chegar ao progresso. Caracteriza-se por uma nova visão da vida, que se traduz, na literatura, por uma diferente concepção da linguagem e por uma diferente abordagem dos problemas que a humanidade se vê obrigada a enfrentar, num mundo em crise.

Como exemplos de artistas desta corrente, temos Almada Negreiros e Picasso (pintura), Charles Chaplin (cinema) e Viana da Mota (música).

Fernando Pessoa – Heteronímia

Os heterónimos são concebidos como individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontram-se ligados a alguns dos problemas centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do eu, a sinceridade, a noção de realidade e a estranheza da existência. Traduzem a consciência da fragmentação do eu, reduzindo o eu “real” de Pessoa a um papel que não é maior que o de qualquer um dos seus heterónimos na existência literária do poeta. São a mentalização de certas emoções e perspectivas, a sua representação irónica. De entre os vários heterónimos de Pessoa destacam-se: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.

Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo. Nasceu em Lisboa e aí morreu, tuberculoso , embora a maior parte da sua vida tenha decorrido numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente (daí, segundo Pessoa, a “novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra”).

Não desempenhava qualquer profissão e era pouco instruído (teria apenas a instrução primária) e, por isso, “escrevendo mal o português”. Era órfão desde muito cedo e vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avó.

Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como eram as coisas na realidade, conhecendo-as apenas pelas sensações, pelo que pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja, adoração pela natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes ensinado esta “filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender”.

São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos.

Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o helenismo, isto é, o conjunto das ideias e costumes da Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A referida formação clássica reflecte-se, quer a nível formal, quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa considerava exagerado.

Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado de convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a implantação da República. Caracterizava-se por ser um pagão intelectual lúcido e consciente (concebia os deuses como um ideal humano), reflectia uma moral estoico-epicurista, ou seja, limitava-se a viver o momento presente, evitando o sofrimento (“Carpe Diem”) e aceitando o carácter efémero da vida.

Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem viajado. Depois de uma educação vulgar de liceu formou-se em engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma viagem ao Oriente (de que resultou o poema “Opiário”). Viveu depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicou-se à literatura, intervindo em polémicas literárias e políticas. É da sua autoria o “Ultimatum”, manifesto contra os literatos instalados da época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com Pessoa ortónimo uma polémica aberta. Protótipo da defesa do modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade, da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um dos melhores exemplos, evoluindo depois no sentido de um tédio, de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e auto-irónicos.

Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais “barulhentas” do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da ação político-social.

A trajetória poética de Álvaro de Campos está compreendida em três fases: a primeira, da morbidez e do torpor, é a fase do "Opiário" (oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do Suez, em março de 1914), a segunda fase, mais mecanicista, é onde o Futurismo italiano mais transparece, é nesta fase que a sensação é mais intelectualizada. A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar de parecer um pouco surrealista, é a que se apresenta mais moderna e equilibrada . É nessa fase em que se enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Reta" e "Aniversário", que trazem, respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista.

Destaca-se ainda o semi-heterónimo Bernardo Soares (semi "porque - como afirma o seu próprio criador - não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."), ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa. Desde 1914 que Pessoa ia escrevendo fragmentos de cariz confessional, diarístico e memorialista aos quais, já a partir dessa data, deu o título de Livro do Desassossego - obra que o ocupou até ao fim. É neste livro que revela uma lucidez extrema na análise e na capacidade de exploração da alma humana.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Fernando Pessoa – Ortónimo

Figura cimeira da literatura portuguesa e da poesia europeia do século XX. O seu virtuosismo foi, sobretudo, uma forma de abalar a sociedade e a literatura burguesas gasta (nomeadamente através dos seus «ismos»: paulismo, interseccionismo, sensacionismo), ele fundamentou a resposta revolucionária à concepção romântica, sentimentalmente metafísica, da literatura. O apagamento da sua vida pessoal não se opôs ao exercício activo da crítica e da polémica em vida, e sobretudo a uma grande influência na literatura portuguesa do século XX.

Fernando Pessoa ortónimo, seguia, formalmente, os modelos da poesia tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta introvertido e meditativo, anti-sentimental, reflectia inquietações e estranhezas que questionavam os limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema “Mensagem”, exaltação sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de ressurgimento nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta, manifestada também nas suas incursões pelas ciências ocultas e pelo rosa-crucianismo.

Autor & Obra



O Estilo de Fernando Pessoa



Características Temáticas

- Identidade perdida;

- Consciência do absurdo da existência;

- Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade;

- Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão;

- Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção;

- Estados negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, desespero, frustração;

- Inquietação metafísica, dor de viver;

- Auto-análise.



Características Estilísticas

- Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal (que conotam o prolongamento da dor e do sofrimento);

- Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas);

- Predomínio da quadra e da quintilha (utilização de elementos formais tradicionais);

- Adjectivação expressiva;

- Linguagem simples mas muito expressiva (cheia de significados escondidos);

- Pontuação emotiva;

- Comparações, metáforas originais, oxímoros (vários paradoxos – pôr lado a lado duas realidades completamente opostas);

- Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água, o mar, a brisa, a fonte, as rosas, o azul; ou modernos, como o andaime ou o cais);

- É fiel à tradição poética “lusitana” e não longe, muitas vezes, da quadra popular;

- Utilização de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo consoante a situação.



As temáticas de Fernando Pessoa

O fingimento artístico;

Crendo na afirmação de que o significado das palavras está em quem as lê e não em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do “fingimento”; o poeta baseia-se em experiências vividas, mas transcreve apenas o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a sentir o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema.

A dor de pensar;

O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer permanecer ao nível do sensível para poder desfrutar dos momentos, a constante intelectualização não o permite. Sente-se como enclausurado numa cela pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal porque, assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante, confuso e negro. Ele nunca teve prazer na realidade porque para ele tudo é perda, quando ele observa a realidade parece que tudo se evaporou.

A fragmentação do eu/Resignação dorida;

O poeta é múltiplo: dentro dele encerram-se vários “eus” e ele não se consegue encontrar nem definir em nenhum deles, é incapaz de se reconhecer a si próprio – é um observador de si próprio. Sofre a vida sendo incapaz de a viver.

A Obra

- Poesias de «Cancioneiro» ;

- Poesias de «Fernando Pessoa - Poesia Lírica & Épica»;

- Poesias Coligidas;

- Mensagem;

- Poesias Inéditas (1919 - 1930);

- Poesias Inéditas (1930 - 1935);

- Poemas Para Lili;

- excertos de «Fausto: Tragédia Subjectiva»;

- Chuva Oblíqua;

- Passos da Cruz;

- Poesias de Orpheu;

- «Quadras ao Gosto Popular»;

- «Canções de Beber»;

- «Poesia Inglesa I»;

- «Poesias Dispersas».

Última estrofe

“Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...”

-Critica social aos que impunham os seus caprichos

Enumerações

“Grande é a poesia, a bondade e as danças... /crianças”
“Flores, música, o luar, e o sol”

-Apresentam palavras portadoras de grande carga simbólica.
-O poeta enumera varias realidades de forma eufórica.

exclamações

“Ter um livro para ler
E não fazer !”

-Transmite um certo humor e ironia
-Abordagem leve e divertida da temática
-Significa a rebeldia própria das crianças.

“Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não ! “

-Referência irónica a uma característica dos portugueses – esperar por um salvador

Análise do poema liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer !
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não !

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Pessoa e os nascimento dos heterônimos

VIDA


Nasceu em Lisboa e aos 5 anos tornou-se órfão de pai. Foi levado pela mãe e pelo padrasto para a África do Sul, onde fez seus estudos secundários com notável brilho. Aos 17 anos, regressou a Lisboa e cursou Letras e Filosofia, mas sua profissão foi a de correspondente comercial em línguas estrangeiras. Em 1915, liderou um grupo de jovens no lançamento da revista Orpheu, que marca o início da literatura moderna em Portugal. Após o desaparecimento da revista, Pessoa entregou-se a uma vida solitária dedicada à poesia e ao álcool. Seus poemas são divulgados pela prestigiosa revista Presença, mas o único livro publicado em sua vida foi Mensagem. Uma aguda crise de cirrose hepática o mataria aos 47 anos. Apesar da relativa obscuridade em que veio a falecer, era certamente uma das grandes vozes da poesia ocidental do século XX.

OBRA

Traduzindo um mundo multifacetado (ele é contemporâneo da I Guerra Mundial), em que todos os valores considerados eternos desabavam, todas as certezas desapareciam e uma imensa crise filosófica e ideológica comovia o Ocidente, Fernando Pessoa registraria poeticamente esse vácuo aberto diante de sua alma de artista moderno.

Não podemos esquecer que atrás de si, ele tinha a poesia suprema de Camões e a de todos os clássicos portugueses. Ou seja, uma tradição impossível de ser renegada. Já diante do presente, Pessoa se sentia seduzir pelos experimentos de vanguarda, cubismo e futurismo em especial, o que o aproximava das rupturas literárias mais radicais. Atrás de si ele tinha um país que conquistara parte do mundo e que hoje – conforme sua próprias palavras – era apenas “nevoeiro”. Já no presente, deparava-se com a emergência de novos sistemas sócio-políticos (Comunismo, Fascismo) que afirmavam estar construindo o “novo homem”, enquanto Portugal continuava com seu provincianismo e sua letargia histórica.

Portanto, a existência do poeta estava dilacerada pela ausência de verdades absolutas e um caos interior parecia fragmentar sua personalidade e, em seguida, multiplicá-la. Estabeleciam-se as condições de nascimento dos heterônimos.

Ao contrário dos pseudônimos – vários nomes para uma mesma personalidade – os heterônimos constituem várias pessoas que habitam um único poeta. Cada um deles tem a sua própria biografia, sua temática poética singular e seu estilo específico.É como se eus fragmentados e múltiplos explodissem dentro do artista, gerando poesias totalmente diversas. O próprio Fernando Pessoa explicou os seus heterônimos:

Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria.
Assim têm estes poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de Campos que ser considerados. Não há que buscar em quaisquer deles idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler.

Em outra ocasião, o poeta explicou o nascimento de cada um dos heterônimos:
Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (…)
Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à idéia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas cousas em verso irregular (não no estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)
Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada (…). Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira – foi em 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. (…)
Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscientemente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfa de Álvaro de Campos – a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem. (…)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O Modernismo em Portugal

- Influencias do Cubismo e do Orfismo:
- Em Portugal a influência Cubista enquadra-se no chamado Primeiro Modernismo:

-Amadeu de Sousa Cardoso (1887-1918) chega a Paris em 1909, 
e é o único artista português que vive directamente a aventura Cubista, 
-conhece Modigliani em 1911, participa da exposição Der Sturm em Berlim de 1912 e no Armory Show em 1913 em Nova Iorque, E.U.A. Recolhe a experiência cubista no período de 1912/1917, 
-realiza em 1916 uma única exposição, em Lisboa e no Porto, sob o título “Abstraccionismo” onde expõe 114 obras.
 Em 1915 chega a Portugal o casal Delaunay, residindo em Vila do Conde em casa do pintor Eduardo Viana (1881-1967) , e trocando correspondência com Almada, o casal parte em 1917. Na obra de Viana surgem os círculos cromáticos órficos, mas este, nunca assimilaria a estética Cubista.

Estas sao algumas das suas obras 
 

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fernando Pessoa

O que é o Portfólio

O Portfólio é uma colecção de documentos (textos, certificados, fotografias, vídeos) que demonstram o domínio por parte de estudantes e das diversas competências transversais. O autor do Portfólio é o próprio estudante, que participa activamente na recolha, escolha e consideração sobre cada um destes documentos.

O que é um Webfolio

O webfolio  é uma versão electrónica do portefólio.
Ambos são colecções organizadas de trabalhos, materiais e recursos seleccionados.
Uma vez publicada num sítio/página da Internet, esta colecção permite ligações a outros recursos, cria a interactividade, suscita a reformulação.