Figura cimeira da literatura portuguesa e da poesia europeia do século XX. O seu virtuosismo foi, sobretudo, uma forma de abalar a sociedade e a literatura burguesas gasta (nomeadamente através dos seus «ismos»: paulismo, interseccionismo, sensacionismo), ele fundamentou a resposta revolucionária à concepção romântica, sentimentalmente metafísica, da literatura. O apagamento da sua vida pessoal não se opôs ao exercício activo da crítica e da polémica em vida, e sobretudo a uma grande influência na literatura portuguesa do século XX.
Fernando Pessoa ortónimo, seguia, formalmente, os modelos da poesia tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta introvertido e meditativo, anti-sentimental, reflectia inquietações e estranhezas que questionavam os limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema “Mensagem”, exaltação sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de ressurgimento nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta, manifestada também nas suas incursões pelas ciências ocultas e pelo rosa-crucianismo.
Autor & Obra
O Estilo de Fernando Pessoa
Características Temáticas
- Identidade perdida;
- Consciência do absurdo da existência;
- Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade;
- Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão;
- Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção;
- Estados negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, desespero, frustração;
- Inquietação metafísica, dor de viver;
- Auto-análise.
Características Estilísticas
- Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal (que conotam o prolongamento da dor e do sofrimento);
- Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas);
- Predomínio da quadra e da quintilha (utilização de elementos formais tradicionais);
- Adjectivação expressiva;
- Linguagem simples mas muito expressiva (cheia de significados escondidos);
- Pontuação emotiva;
- Comparações, metáforas originais, oxímoros (vários paradoxos – pôr lado a lado duas realidades completamente opostas);
- Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água, o mar, a brisa, a fonte, as rosas, o azul; ou modernos, como o andaime ou o cais);
- É fiel à tradição poética “lusitana” e não longe, muitas vezes, da quadra popular;
- Utilização de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo consoante a situação.
As temáticas de Fernando Pessoa
O fingimento artístico;
Crendo na afirmação de que o significado das palavras está em quem as lê e não em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do “fingimento”; o poeta baseia-se em experiências vividas, mas transcreve apenas o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a sentir o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema.
A dor de pensar;
O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer permanecer ao nível do sensível para poder desfrutar dos momentos, a constante intelectualização não o permite. Sente-se como enclausurado numa cela pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal porque, assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante, confuso e negro. Ele nunca teve prazer na realidade porque para ele tudo é perda, quando ele observa a realidade parece que tudo se evaporou.
A fragmentação do eu/Resignação dorida;
O poeta é múltiplo: dentro dele encerram-se vários “eus” e ele não se consegue encontrar nem definir em nenhum deles, é incapaz de se reconhecer a si próprio – é um observador de si próprio. Sofre a vida sendo incapaz de a viver.
A Obra
- Poesias de «Cancioneiro» ;
- Poesias de «Fernando Pessoa - Poesia Lírica & Épica»;
- Poesias Coligidas;
- Mensagem;
- Poesias Inéditas (1919 - 1930);
- Poesias Inéditas (1930 - 1935);
- Poemas Para Lili;
- excertos de «Fausto: Tragédia Subjectiva»;
- Chuva Oblíqua;
- Passos da Cruz;
- Poesias de Orpheu;
- «Quadras ao Gosto Popular»;
- «Canções de Beber»;
- «Poesia Inglesa I»;
- «Poesias Dispersas».
Sem comentários:
Enviar um comentário