terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mensagem

O projecto da Mensagem é o de superar o carácter obsessivo e nacional d’Os Lusíadas no imaginário mítico-poético nacional. Os Lusíadas conquistaram o título de “evangelho nacional” e foram elevados à categoria de símbolo nacional. A Mensagem logo no seu título aponta para um novo evangelho, num sentido místico, ideia de missão e de vocação universal. O próprio título indicia uma revelação, uma iniciação.

Tal atitude produziu, alem do poema á memória do presidente-rei sididonio pais (in acção, 1920), a mensagem (1934), primeiro e único livro Fernando pessoa publicado na sua vida, pois só transmitira a lume alguns folhetos e colaboração em revistas.
Colectânea de poesias em geral breves, exactas compostas em épocas diferentes, tem no entanto unidade de inspiração (percorrendo-a um sopro patriótico de exaltação e de incitamento) e certo equilíbrio arquitectónico.
Em três partes, onde desfilam os heróis lendários ou históricos, desde ulises a D.sebastiao, ora invocados pelo poeta, ora definindo-se a si próprio, mar português, com poesias inspiradas na ânsia do desconhecido e no esforço heróico da luta com o mar; o encoberto, que compreende os símbolos, os tempos, e onde se afirma um sebastianismo de apelo e de certeza pende os símbolos.
A poesia da mensagem é uma poesia épica, fragmentaria como pela atitude introspectiva, de contemplação no espelho da alma.
Dum modo geral interioriza, mentaliza a matéria épica, integrando-a na corrente subjectiva.
A mensagem encerra espaços, que já andam na memoria dos portugueses.

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