terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Quinto Império

– símbolo da inquietação necessária ao progresso, assim como o sonho: não se pode ficar sentado à espera que as coisas aconteçam; há que ser ousado, curioso, corajoso e aventureiro; há que estar inquieto e descontente com o que se tem e o que se é! (“Triste de quem vive em casa/Contente com o seu lar/Sem um sonho, no erguer da asa.../Triste de quem é feliz!”) O Quinto Império de Pessoa é a mística certeza do vir a ser pela lição do ter sido, o Portugal-espírito, ente de cultura e esperança, tanto mais forte quanto a hora da decadência a estimula.

O Humanismo

O Humanismo é uma postura de vida democrática e ética, que afirma que os seres humanos têm o direito e a responsabilidade de dar sentido e forma às suas próprias vidas. Defende a construção de uma sociedade mais humana, através de uma ética baseada em valores humanos e outros valores naturais, dentro do espírito da razão e do livre-pensamento, com base nas capacidades humanas. O Humanismo não é teísta e não aceita visões sobrenaturais da realidade."


é um movimento intelectual e literário, que consistiu sobretudo num renovado interesse pelos autores e obras da Antiguidade Clássica, e numa nova interpretação do Homem e do seu lugar no Universo.

Esta nova concepção do mundo e da vida deu os seus primeiros passos na Península Itálica (não nos esqueçamos que a Itália, enquanto País unificado, ainda não existia).

O Sebastianismo

O Sebastianismo é um mito nacional religioso. "D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de névoa, no seu cavalo branco..."

O sebastianismo, fundamentalmente, o que é?

É um movimento religioso, feito em volta duma figura nacional, no sentido dum mito.

No sentido simbólico D. Sebastião é Portugal: Portugal que perdeu a sua grandeza com D. Sebastião, e que só voltará a tê-la com o regresso dele, regresso simbólico (como, por um mistério espantoso e divino, a própria vida dele fora simbólica (mas em que não é absurdo confiar. D. Sebastião voltará, diz a lenda, por uma manhã de névoa, no seu cavalo branco, vindo da ilha longínqua onde esteve esperando a hora da volta.

A manhã de névoa indica, evidentemente, um renascimento anuviado por elementos de decadência, por restos da Noite onde viveu a nacionalidade.

Datas mais importantes

-1524 Ou 1525: Datas prováveis do nascimento de Luís Vaz de Camões, talvez em Lisboa.
- 1548: Desterro no Ribatejo, alista-se no Ultramar.
- 1549: Embarca para Ceuta, perde o olho direito numa escaramuça contra os Mouros.
-1551: Regressa a Lisboa.
-1552: Numa briga, fere um funcionário da Cavalariça Real e é preso.
-1553: É libertado; embarca para o Oriente.
-1554: Parte de Goa em perseguição a navios mercantes mouros, sob o comando de Fernando de Meneses.
-1556: É nomeado provedor-mor em Macau; naufraga nas Costas do Camboja.
-1562: É preso por dívidas não pagas; é libertado pelo vice-rei Conde de Redondo e distinguido seu protegido.
-1567: Segue para Moçambique.
-1570: Regressa a Lisboa na nau Santa Clara.
-1572: Sai a primeira edição d’Os Lusíadas.
-1579 Ou 1580: Morre de peste, em Lisboa.

Os Lusíadas Estrutura Interna e Externa

A estrutura externa

O poema está escrito em versos decassílabos, com predomínio do decassílabo heróico (acentos para 6ª e 10ª sílabas). É considerado o metro mais adequado á poesia épica, pelo seu ritmo grave e vigoroso. Surgem também alguns exemplos raros de decassílabo sáfico (acentos na 4ª, 8ª e 10ª sílaba).

- As estrofes são de oito versos e apresentam o seguinte esquema rimático – “abababcc” ( a este tipo estrófico costuma chamar-se oitava rima, oitava heróica ou oitava italiana)

- As estrofes estão distribuídas por 10 cantos. O número de estrofes por canto vario de 87, no canto VII, a 156 no canto X. No seu conjunto, o poema apresenta 1102 estrofes.


A estrutura interna

1. As partes constituintes
Os Lusíadas constroem-se pela sucessão de quatro fontes:
- Proposição – parte introdutória, na qual o poeta anuncia o que vai cantar (Canto I, estrofes 1-3)

- Invocação – pedido de ajuda as divindades inspiradores (A principal invocação é feita as Tágides, no canto I, estrofes 4 e 5, ás Ninfas do Tejo e do Mondego, no canto VII 78-82 e, finalmente, a Calíope, no Canto X, estrofe 8)

- Dedicatória – oferecimento do poema a uma personalidade importante. (Esta parte, facultaria, pode ter origem nas Geórgicas de Virgilio ou nos Fastos de Ovídio; não existe em nenhuma das epopeias da Antiguidade)

- Narração – parte que constitui o corpo da epopeia; a narrativa das acções levadas a cabo pelo protagonista. (Começando no Canto I, estrofe 19, só termina no Canto X, estrofe 144, apresentando apenas pequenas interrupções pontuais).

O Renascimento cultural

Manifestou-se primeiro na região italiana da Toscana, tendo como principais centros as cidades de Florença e Siena, de onde se difundiu para o resto da península Itálica e depois para praticamente todos os países da Europa Ocidental, impulsionado pelo desenvolvimento da imprensa por Johannes Gutenberg.

Renascimento

Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do século XVII, mas os estudiosos não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor.

-Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna.

-Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é o mais comovente para descrever os seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.

Chamou-se "Renascimento" em virtude da redescoberta e revalorização das referências culturais da antiguidade clássica, que nortearam as mudanças deste período em direcção a um ideal humanista e naturalista.
O termo foi registado pela primeira vez por Giorgio Vasari já no século XVI, mas a noção de Renascimento como hoje o entendemos surgiu a partir da publicação do livro de Jacob Burckhardt A cultura do Renascimento na Itália (1867), onde ele definia o período como uma época de "descoberta do mundo e do homem".

As fontes científicas de Camões

As fontes que Camões terá usado na composição de Os Lusíadas têm apaixonado várias gerações de camonianos. Julga-se ter identificado com alguma segurança o chamado Roteiro da Viagem de Vasco da Gama e a História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, de Fernão Lopes de Castanheda. Mas ficam de fora as fontes que o poeta possa ter consultado para estudar os fenómenos naturais e astronómicos que refere com tanta precisão ao longo do poema.
É bem conhecida, por exemplo, a referência ao fogo-de-santelmo no Canto V – «Vi, claramente visto, o lume vivo/ Que a marítima gente tem por santo». É bem conhecida também, a descrição da tromba de água - «Eu o vi certamente (e não presumo/ Que a vista me enganava): levantar-se/ No ar um vaporzinho e sutil fumo» (V, 19) - e sabe-se, por comparação de conteúdos, que poderia ter sido baseada no Roteiro de Lisboa a Goa de D. João de Castro, de que devem ter corrido cópias manuscritas nos tempos de Camões. Mas é verdade que o poeta, tendo singrado os mares, pode ter usado directamente a sua experiência e observação, como, aliás, o dá repetidamente a entender.
Quando descreve alguns fenómenos astronómicos, Camões não pode, contudo, ter-se baseado apenas na sua experiência nem em leituras secundárias. «Nem me falta na vida honesto estudo», diz quase no fim do Poema, «com longa experiência misturado» (X, 154). A precisão com que fala da «grande máquina do Mundo» (X, 80) e se refere repetidamente a difíceis conceitos astronómicos indica ter-se baseado no «honesto estudo» da cosmologia da época.
Luciano Pereira da Silva (1864-1926) foi o primeiro a analisar sistematicamente as referências astronómicas do Poema. Num trabalho clássico, publicado primeiramente entre 1913 e 1915 na «Revista da Universidade de Coimbra» e depois editado em separata com o título A Astronomia de Os Lusíadas, em 1915, este professor de matemática de Coimbra mostra que «Camões tinha um conhecimento claro e seguro dos princípios fundamentais da astronomia, como ela se professava no seu tempo». E conclui que o poeta deve ter estudado as Theoricae Novae Planetarum de Jorge Purbáquio (1423-1461), obra que veio a lume em 1460 e teve larga difusão pela Europa. Em Portugal, a obra de Purbáquio chegou, nomeadamente, através de tradução e comentário que Pedro Nunes (1502-1578) fez incluir no seu Tratado da Sphera de 1537.
O estudo de Luciano Pereira da Silva esteve esgotado durante muitos anos. Foi reeditado em 1972, mas essa edição também se esgotou.

Mensagem

O projecto da Mensagem é o de superar o carácter obsessivo e nacional d’Os Lusíadas no imaginário mítico-poético nacional. Os Lusíadas conquistaram o título de “evangelho nacional” e foram elevados à categoria de símbolo nacional. A Mensagem logo no seu título aponta para um novo evangelho, num sentido místico, ideia de missão e de vocação universal. O próprio título indicia uma revelação, uma iniciação.

Tal atitude produziu, alem do poema á memória do presidente-rei sididonio pais (in acção, 1920), a mensagem (1934), primeiro e único livro Fernando pessoa publicado na sua vida, pois só transmitira a lume alguns folhetos e colaboração em revistas.
Colectânea de poesias em geral breves, exactas compostas em épocas diferentes, tem no entanto unidade de inspiração (percorrendo-a um sopro patriótico de exaltação e de incitamento) e certo equilíbrio arquitectónico.
Em três partes, onde desfilam os heróis lendários ou históricos, desde ulises a D.sebastiao, ora invocados pelo poeta, ora definindo-se a si próprio, mar português, com poesias inspiradas na ânsia do desconhecido e no esforço heróico da luta com o mar; o encoberto, que compreende os símbolos, os tempos, e onde se afirma um sebastianismo de apelo e de certeza pende os símbolos.
A poesia da mensagem é uma poesia épica, fragmentaria como pela atitude introspectiva, de contemplação no espelho da alma.
Dum modo geral interioriza, mentaliza a matéria épica, integrando-a na corrente subjectiva.
A mensagem encerra espaços, que já andam na memoria dos portugueses.