1524 Ou 1525: Datas prováveis do nascimento de Luís Vaz de Camões, talvez em Lisboa.
- 1548: Desterro no Ribatejo, alista-se no Ultramar.
- 1549: Embarca para Ceuta, perde o olho direito numa escaramuça contra os Mouros.
- 1551: Regressa a Lisboa.
- 1552: Numa briga, fere um funcionário da Cavalariça Real e é preso.
- 1553: É libertado; embarca para o Oriente.
- 1554: Parte de Goa em perseguição a navios mercantes mouros, sob o comando de Fernando de Meneses.
- 1556: É nomeado provedor-mor em Macau; naufraga nas Costas do Camboja.
- 1562: É preso por dívidas não pagas; é libertado pelo vice-rei Conde de Redondo e distinguido seu protegido.
- 1567: Segue para Moçambique.
- 1570: Regressa a Lisboa na nau Santa Clara.
- 1572: Sai a primeira edição d’Os Lusíadas.
- 1579 Ou 1580: Morre de peste, em Lisboa.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Conclusão
Com a realização deste trabalho, conclui-se que Fernando Pessoa foi um grande poeta dos inícios do século XX.
Partiu para África do Sul muito cedo permitindo-lhe aprender e cultivar muito bem a língua inglesa. Trabalhou e colaborou em várias revistas. Delas são exemplo as revistas “Athena”, “Orpheu” e “Presença”.
Através de amigos que viviam no estrangeiro mantinha contacto com o que se passava na Europa, tornando-se adepto de uma nova corrente artística que se tentava infiltrar em Portugal – o Modernismo. Pessoa foi um dos grandes impulsionadores do Modernismo em Portugal, tendo colaborado com vários artigos difusores das ideias modernas para várias revistas.
Homem de grande pluralidade e densidade psicológica Pessoa era capaz de se “subdividir” em várias personalidades completamente diferentes da sua, os heterónimos. Deles destacam-se Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro (“O Mestre”). Cada um tinha uma maneira completamente distinta de escrever, tendo despertado grande curiosidade e levando muitos especialistas a estudar Pessoa. Isto também porque como a sua obra permaneceu em grande parte inédita não permitiu o seu estudo pormenorizado. A sua obra está traduzida em várias línguas e pode ser dividida em duas grandes categorias – ortónima e heterónima.
Partiu para África do Sul muito cedo permitindo-lhe aprender e cultivar muito bem a língua inglesa. Trabalhou e colaborou em várias revistas. Delas são exemplo as revistas “Athena”, “Orpheu” e “Presença”.
Através de amigos que viviam no estrangeiro mantinha contacto com o que se passava na Europa, tornando-se adepto de uma nova corrente artística que se tentava infiltrar em Portugal – o Modernismo. Pessoa foi um dos grandes impulsionadores do Modernismo em Portugal, tendo colaborado com vários artigos difusores das ideias modernas para várias revistas.
Homem de grande pluralidade e densidade psicológica Pessoa era capaz de se “subdividir” em várias personalidades completamente diferentes da sua, os heterónimos. Deles destacam-se Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro (“O Mestre”). Cada um tinha uma maneira completamente distinta de escrever, tendo despertado grande curiosidade e levando muitos especialistas a estudar Pessoa. Isto também porque como a sua obra permaneceu em grande parte inédita não permitiu o seu estudo pormenorizado. A sua obra está traduzida em várias línguas e pode ser dividida em duas grandes categorias – ortónima e heterónima.
Modernismo
Chama-se Modernismo (ou Movimento Moderno) ao conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos que premearam as artes, a literatura, a música e até o cinema, na primeira metade do século XX.
Com um final de século conturbado em Portugal e na Europa (“Mapa-cor-de-rosa”, Ultimato Inglês, queda da monarquia e implantação da República, 1ª Guerra mundial, instituição da Ditadura Militar, ascensão do Fascismo e do Estado Novo)o Modernismo não exerceu grande influência na sociedade Portuguesa da época.
Esta corrente artística foi introduzida em Portugal a partir da publicação de uma série de artigos em jornais e revistas da época, das quais se destaca a revista “Orpheu”, considerada marco do Modernismo Português. Embora não tendo exercido grande influência na sociedade, estes novos ideais não foram mal recebidos, não foram ignorados nem vítimas de sarcasmo ou indignação por parte da população.
Este movimento não era fácil de caracterizar devido ao aparecimento de múltiplos submovimentos, os chamados – ismos (cubismo, futurismo, Sensacionismo), em simultâneo a esta corrente, no entanto, pode-se dizer que o Modernismo se baseava na ideia de que as formas “tradicionais” das artes, literatura, música e até da organização social e da vida quotidiana se tinham tornado ultrapassadas. Assim, re-examinou-se cada aspecto da vida para substituir o “antiquado” por novas e possivelmente melhores formas, com vista a chegar ao progresso. Caracteriza-se por uma nova visão da vida, que se traduz, na literatura, por uma diferente concepção da linguagem e por uma diferente abordagem dos problemas que a humanidade se vê obrigada a enfrentar, num mundo em crise.
Como exemplos de artistas desta corrente, temos Almada Negreiros e Picasso (pintura), Charles Chaplin (cinema) e Viana da Mota (música).
Com um final de século conturbado em Portugal e na Europa (“Mapa-cor-de-rosa”, Ultimato Inglês, queda da monarquia e implantação da República, 1ª Guerra mundial, instituição da Ditadura Militar, ascensão do Fascismo e do Estado Novo)o Modernismo não exerceu grande influência na sociedade Portuguesa da época.
Esta corrente artística foi introduzida em Portugal a partir da publicação de uma série de artigos em jornais e revistas da época, das quais se destaca a revista “Orpheu”, considerada marco do Modernismo Português. Embora não tendo exercido grande influência na sociedade, estes novos ideais não foram mal recebidos, não foram ignorados nem vítimas de sarcasmo ou indignação por parte da população.
Este movimento não era fácil de caracterizar devido ao aparecimento de múltiplos submovimentos, os chamados – ismos (cubismo, futurismo, Sensacionismo), em simultâneo a esta corrente, no entanto, pode-se dizer que o Modernismo se baseava na ideia de que as formas “tradicionais” das artes, literatura, música e até da organização social e da vida quotidiana se tinham tornado ultrapassadas. Assim, re-examinou-se cada aspecto da vida para substituir o “antiquado” por novas e possivelmente melhores formas, com vista a chegar ao progresso. Caracteriza-se por uma nova visão da vida, que se traduz, na literatura, por uma diferente concepção da linguagem e por uma diferente abordagem dos problemas que a humanidade se vê obrigada a enfrentar, num mundo em crise.
Como exemplos de artistas desta corrente, temos Almada Negreiros e Picasso (pintura), Charles Chaplin (cinema) e Viana da Mota (música).
Fernando Pessoa – Heteronímia
Os heterónimos são concebidos como individualidades distintas da do autor, este criou-lhes uma biografia e até um horóscopo próprios. Encontram-se ligados a alguns dos problemas centrais da sua obra: a unidade ou a pluralidade do eu, a sinceridade, a noção de realidade e a estranheza da existência. Traduzem a consciência da fragmentação do eu, reduzindo o eu “real” de Pessoa a um papel que não é maior que o de qualquer um dos seus heterónimos na existência literária do poeta. São a mentalização de certas emoções e perspectivas, a sua representação irónica. De entre os vários heterónimos de Pessoa destacam-se: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo. Nasceu em Lisboa e aí morreu, tuberculoso , embora a maior parte da sua vida tenha decorrido numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente (daí, segundo Pessoa, a “novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra”).
Não desempenhava qualquer profissão e era pouco instruído (teria apenas a instrução primária) e, por isso, “escrevendo mal o português”. Era órfão desde muito cedo e vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avó.
Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como eram as coisas na realidade, conhecendo-as apenas pelas sensações, pelo que pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja, adoração pela natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes ensinado esta “filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender”.
São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos.
Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o helenismo, isto é, o conjunto das ideias e costumes da Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A referida formação clássica reflecte-se, quer a nível formal, quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa considerava exagerado.
Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado de convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a implantação da República. Caracterizava-se por ser um pagão intelectual lúcido e consciente (concebia os deuses como um ideal humano), reflectia uma moral estoico-epicurista, ou seja, limitava-se a viver o momento presente, evitando o sofrimento (“Carpe Diem”) e aceitando o carácter efémero da vida.
Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem viajado. Depois de uma educação vulgar de liceu formou-se em engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma viagem ao Oriente (de que resultou o poema “Opiário”). Viveu depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicou-se à literatura, intervindo em polémicas literárias e políticas. É da sua autoria o “Ultimatum”, manifesto contra os literatos instalados da época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com Pessoa ortónimo uma polémica aberta. Protótipo da defesa do modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade, da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um dos melhores exemplos, evoluindo depois no sentido de um tédio, de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e auto-irónicos.
Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais “barulhentas” do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da ação político-social.
A trajetória poética de Álvaro de Campos está compreendida em três fases: a primeira, da morbidez e do torpor, é a fase do "Opiário" (oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do Suez, em março de 1914), a segunda fase, mais mecanicista, é onde o Futurismo italiano mais transparece, é nesta fase que a sensação é mais intelectualizada. A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar de parecer um pouco surrealista, é a que se apresenta mais moderna e equilibrada . É nessa fase em que se enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Reta" e "Aniversário", que trazem, respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista.
Destaca-se ainda o semi-heterónimo Bernardo Soares (semi "porque - como afirma o seu próprio criador - não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."), ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa. Desde 1914 que Pessoa ia escrevendo fragmentos de cariz confessional, diarístico e memorialista aos quais, já a partir dessa data, deu o título de Livro do Desassossego - obra que o ocupou até ao fim. É neste livro que revela uma lucidez extrema na análise e na capacidade de exploração da alma humana.
Segundo a carta de Fernando Pessoa sobre a génese dos seus heterónimos, Caeiro (1885-1915) é o Mestre, inclusive do próprio Pessoa ortónimo. Nasceu em Lisboa e aí morreu, tuberculoso , embora a maior parte da sua vida tenha decorrido numa quinta no Ribatejo, onde foram escritos quase todos os seus poemas, sendo os do último período da sua vida escritos em Lisboa, quando se encontrava já gravemente doente (daí, segundo Pessoa, a “novidade um pouco estranha ao carácter geral da obra”).
Não desempenhava qualquer profissão e era pouco instruído (teria apenas a instrução primária) e, por isso, “escrevendo mal o português”. Era órfão desde muito cedo e vivia de pequenos rendimentos, com uma tia-avó.
Caeiro era, segundo ele próprio, «o único poeta da natureza», procurando viver a exterioridade das sensações e recusando a metafísica, isto é, recusando saber como eram as coisas na realidade, conhecendo-as apenas pelas sensações, pelo que pareciam ser. Era assim caracterizado pelo seu panteísmo, ou seja, adoração pela natureza e sensacionismo. Era mestre de Ricardo Reis e Álvaro de Campos, tendo-lhes ensinado esta “filosofia do não filosofar, a aprendizagem do desaprender”.
São da sua autoria as obras O Guardador de Rebanhos, O Pastor Amoroso e os Poemas Inconjuntos.
Ricardo Reis nasceu no Porto, em 1887. Foi educado num colégio de jesuítas, tendo recebido, por isso, uma educação clássica (latina). Estudou (por vontade própria) o helenismo, isto é, o conjunto das ideias e costumes da Grécia antiga (sendo Horácio o seu modelo literário). A referida formação clássica reflecte-se, quer a nível formal, quer a nível dos temas por si tratados e da própria linguagem utilizada, com um purismo que Pessoa considerava exagerado.
Apesar de ser formado em medicina, não exercia. Dotado de convicções monárquicas, emigrou para o Brasil após a implantação da República. Caracterizava-se por ser um pagão intelectual lúcido e consciente (concebia os deuses como um ideal humano), reflectia uma moral estoico-epicurista, ou seja, limitava-se a viver o momento presente, evitando o sofrimento (“Carpe Diem”) e aceitando o carácter efémero da vida.
Álvaro de Campos, nasceu em Tavira em 1890. Era um homem viajado. Depois de uma educação vulgar de liceu formou-se em engenharia mecânica e naval na Escócia e, numas férias, fez uma viagem ao Oriente (de que resultou o poema “Opiário”). Viveu depois em Lisboa, sem exercer a sua profissão. Dedicou-se à literatura, intervindo em polémicas literárias e políticas. É da sua autoria o “Ultimatum”, manifesto contra os literatos instalados da época. Apesar dos pontos de contacto entre ambos, travou com Pessoa ortónimo uma polémica aberta. Protótipo da defesa do modernismo, era um cultivador da energia bruta e da velocidade, da vertigem agressiva do progresso, de que a Ode Triunfal é um dos melhores exemplos, evoluindo depois no sentido de um tédio, de um desencanto e de um cansaço da vida, progressivos e auto-irónicos.
Representa a parte mais audaciosa a que Pessoa se permitiu, através das experiências mais “barulhentas” do futurismo português, inclusive com algumas investidas no campo da ação político-social.
A trajetória poética de Álvaro de Campos está compreendida em três fases: a primeira, da morbidez e do torpor, é a fase do "Opiário" (oferecido a Mário de Sá-Carneiro e escrito enquanto navegava pelo Canal do Suez, em março de 1914), a segunda fase, mais mecanicista, é onde o Futurismo italiano mais transparece, é nesta fase que a sensação é mais intelectualizada. A terceira fase, do sono e do cansaço, aquela que, apesar de parecer um pouco surrealista, é a que se apresenta mais moderna e equilibrada . É nessa fase em que se enquadram: "Lisbon Revisited" (l923), "Apontamento", "Poema em Linha Reta" e "Aniversário", que trazem, respectivamente, como características, o inconformismo, a consciência da fragilidade humana, o desprezo ao suposto mito do heroísmo e o enternecimento memorialista.
Destaca-se ainda o semi-heterónimo Bernardo Soares (semi "porque - como afirma o seu próprio criador - não sendo a personalidade a minha, é, não diferente da minha, mas uma simples mutilação dela. Sou eu menos o raciocínio e afectividade."), ajudante de guarda-livros que sempre viveu sozinho em Lisboa. Desde 1914 que Pessoa ia escrevendo fragmentos de cariz confessional, diarístico e memorialista aos quais, já a partir dessa data, deu o título de Livro do Desassossego - obra que o ocupou até ao fim. É neste livro que revela uma lucidez extrema na análise e na capacidade de exploração da alma humana.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Fernando Pessoa – Ortónimo
Figura cimeira da literatura portuguesa e da poesia europeia do século XX. O seu virtuosismo foi, sobretudo, uma forma de abalar a sociedade e a literatura burguesas gasta (nomeadamente através dos seus «ismos»: paulismo, interseccionismo, sensacionismo), ele fundamentou a resposta revolucionária à concepção romântica, sentimentalmente metafísica, da literatura. O apagamento da sua vida pessoal não se opôs ao exercício activo da crítica e da polémica em vida, e sobretudo a uma grande influência na literatura portuguesa do século XX.
Fernando Pessoa ortónimo, seguia, formalmente, os modelos da poesia tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta introvertido e meditativo, anti-sentimental, reflectia inquietações e estranhezas que questionavam os limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema “Mensagem”, exaltação sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de ressurgimento nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta, manifestada também nas suas incursões pelas ciências ocultas e pelo rosa-crucianismo.
Autor & Obra
O Estilo de Fernando Pessoa
Características Temáticas
- Identidade perdida;
- Consciência do absurdo da existência;
- Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade;
- Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão;
- Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção;
- Estados negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, desespero, frustração;
- Inquietação metafísica, dor de viver;
- Auto-análise.
Características Estilísticas
- Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal (que conotam o prolongamento da dor e do sofrimento);
- Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas);
- Predomínio da quadra e da quintilha (utilização de elementos formais tradicionais);
- Adjectivação expressiva;
- Linguagem simples mas muito expressiva (cheia de significados escondidos);
- Pontuação emotiva;
- Comparações, metáforas originais, oxímoros (vários paradoxos – pôr lado a lado duas realidades completamente opostas);
- Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água, o mar, a brisa, a fonte, as rosas, o azul; ou modernos, como o andaime ou o cais);
- É fiel à tradição poética “lusitana” e não longe, muitas vezes, da quadra popular;
- Utilização de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo consoante a situação.
As temáticas de Fernando Pessoa
O fingimento artístico;
Crendo na afirmação de que o significado das palavras está em quem as lê e não em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do “fingimento”; o poeta baseia-se em experiências vividas, mas transcreve apenas o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a sentir o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema.
A dor de pensar;
O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer permanecer ao nível do sensível para poder desfrutar dos momentos, a constante intelectualização não o permite. Sente-se como enclausurado numa cela pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal porque, assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante, confuso e negro. Ele nunca teve prazer na realidade porque para ele tudo é perda, quando ele observa a realidade parece que tudo se evaporou.
A fragmentação do eu/Resignação dorida;
O poeta é múltiplo: dentro dele encerram-se vários “eus” e ele não se consegue encontrar nem definir em nenhum deles, é incapaz de se reconhecer a si próprio – é um observador de si próprio. Sofre a vida sendo incapaz de a viver.
A Obra
- Poesias de «Cancioneiro» ;
- Poesias de «Fernando Pessoa - Poesia Lírica & Épica»;
- Poesias Coligidas;
- Mensagem;
- Poesias Inéditas (1919 - 1930);
- Poesias Inéditas (1930 - 1935);
- Poemas Para Lili;
- excertos de «Fausto: Tragédia Subjectiva»;
- Chuva Oblíqua;
- Passos da Cruz;
- Poesias de Orpheu;
- «Quadras ao Gosto Popular»;
- «Canções de Beber»;
- «Poesia Inglesa I»;
- «Poesias Dispersas».
Fernando Pessoa ortónimo, seguia, formalmente, os modelos da poesia tradicional portuguesa, em textos de grande suavidade rítmica e musical. Poeta introvertido e meditativo, anti-sentimental, reflectia inquietações e estranhezas que questionavam os limites da realidade da sua existência e do mundo. O poema “Mensagem”, exaltação sebastiânica que se cruza com um certo desalento, uma expectativa ansiosa de ressurgimento nacional, revela uma faceta misteriosa e espiritual do poeta, manifestada também nas suas incursões pelas ciências ocultas e pelo rosa-crucianismo.
Autor & Obra
O Estilo de Fernando Pessoa
Características Temáticas
- Identidade perdida;
- Consciência do absurdo da existência;
- Tensão sinceridade/fingimento, consciência/inconsciência, sonho/realidade;
- Oposição sentir/pensar, pensamento/vontade, esperança/desilusão;
- Anti-sentimentalismo: intelectualização da emoção;
- Estados negativos: solidão, cepticismo, tédio, angústia, cansaço, desespero, frustração;
- Inquietação metafísica, dor de viver;
- Auto-análise.
Características Estilísticas
- Musicalidade: aliterações, transportes, ritmo, rimas, tom nasal (que conotam o prolongamento da dor e do sofrimento);
- Verso geralmente curto (2 a 7 sílabas métricas);
- Predomínio da quadra e da quintilha (utilização de elementos formais tradicionais);
- Adjectivação expressiva;
- Linguagem simples mas muito expressiva (cheia de significados escondidos);
- Pontuação emotiva;
- Comparações, metáforas originais, oxímoros (vários paradoxos – pôr lado a lado duas realidades completamente opostas);
- Uso de símbolos (por vezes tradicionais, como o rio, a água, o mar, a brisa, a fonte, as rosas, o azul; ou modernos, como o andaime ou o cais);
- É fiel à tradição poética “lusitana” e não longe, muitas vezes, da quadra popular;
- Utilização de vários tempos verbais, cada um com o seu significado expressivo consoante a situação.
As temáticas de Fernando Pessoa
O fingimento artístico;
Crendo na afirmação de que o significado das palavras está em quem as lê e não em quem as escreve, Fernando Pessoa aborda a temática do “fingimento”; o poeta baseia-se em experiências vividas, mas transcreve apenas o que lhe vai na imaginação e não o real, não está a sentir o que não é real. O leitor é que ao ler, vai sentir o poema.
A dor de pensar;
O poeta não quer intelectualizar as emoções, quer permanecer ao nível do sensível para poder desfrutar dos momentos, a constante intelectualização não o permite. Sente-se como enclausurado numa cela pois sabe que não consegue deixar de raciocinar. Sente-se mal porque, assim que sente, automaticamente intelectualiza essa emoção e, através disso, tudo fica distante, confuso e negro. Ele nunca teve prazer na realidade porque para ele tudo é perda, quando ele observa a realidade parece que tudo se evaporou.
A fragmentação do eu/Resignação dorida;
O poeta é múltiplo: dentro dele encerram-se vários “eus” e ele não se consegue encontrar nem definir em nenhum deles, é incapaz de se reconhecer a si próprio – é um observador de si próprio. Sofre a vida sendo incapaz de a viver.
A Obra
- Poesias de «Cancioneiro» ;
- Poesias de «Fernando Pessoa - Poesia Lírica & Épica»;
- Poesias Coligidas;
- Mensagem;
- Poesias Inéditas (1919 - 1930);
- Poesias Inéditas (1930 - 1935);
- Poemas Para Lili;
- excertos de «Fausto: Tragédia Subjectiva»;
- Chuva Oblíqua;
- Passos da Cruz;
- Poesias de Orpheu;
- «Quadras ao Gosto Popular»;
- «Canções de Beber»;
- «Poesia Inglesa I»;
- «Poesias Dispersas».
Última estrofe
“Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...”
-Critica social aos que impunham os seus caprichos
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...”
-Critica social aos que impunham os seus caprichos
Enumerações
“Grande é a poesia, a bondade e as danças... /crianças”
“Flores, música, o luar, e o sol”
-Apresentam palavras portadoras de grande carga simbólica.
-O poeta enumera varias realidades de forma eufórica.
“Flores, música, o luar, e o sol”
-Apresentam palavras portadoras de grande carga simbólica.
-O poeta enumera varias realidades de forma eufórica.
exclamações
“Ter um livro para ler
E não fazer !”
-Transmite um certo humor e ironia
-Abordagem leve e divertida da temática
-Significa a rebeldia própria das crianças.
“Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não ! “
-Referência irónica a uma característica dos portugueses – esperar por um salvador
E não fazer !”
-Transmite um certo humor e ironia
-Abordagem leve e divertida da temática
-Significa a rebeldia própria das crianças.
“Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não ! “
-Referência irónica a uma característica dos portugueses – esperar por um salvador
Análise do poema liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer !
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não !
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer !
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não !
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Pessoa e os nascimento dos heterônimos
VIDA
Nasceu em Lisboa e aos 5 anos tornou-se órfão de pai. Foi levado pela mãe e pelo padrasto para a África do Sul, onde fez seus estudos secundários com notável brilho. Aos 17 anos, regressou a Lisboa e cursou Letras e Filosofia, mas sua profissão foi a de correspondente comercial em línguas estrangeiras. Em 1915, liderou um grupo de jovens no lançamento da revista Orpheu, que marca o início da literatura moderna em Portugal. Após o desaparecimento da revista, Pessoa entregou-se a uma vida solitária dedicada à poesia e ao álcool. Seus poemas são divulgados pela prestigiosa revista Presença, mas o único livro publicado em sua vida foi Mensagem. Uma aguda crise de cirrose hepática o mataria aos 47 anos. Apesar da relativa obscuridade em que veio a falecer, era certamente uma das grandes vozes da poesia ocidental do século XX.
OBRA
Traduzindo um mundo multifacetado (ele é contemporâneo da I Guerra Mundial), em que todos os valores considerados eternos desabavam, todas as certezas desapareciam e uma imensa crise filosófica e ideológica comovia o Ocidente, Fernando Pessoa registraria poeticamente esse vácuo aberto diante de sua alma de artista moderno.
Não podemos esquecer que atrás de si, ele tinha a poesia suprema de Camões e a de todos os clássicos portugueses. Ou seja, uma tradição impossível de ser renegada. Já diante do presente, Pessoa se sentia seduzir pelos experimentos de vanguarda, cubismo e futurismo em especial, o que o aproximava das rupturas literárias mais radicais. Atrás de si ele tinha um país que conquistara parte do mundo e que hoje – conforme sua próprias palavras – era apenas “nevoeiro”. Já no presente, deparava-se com a emergência de novos sistemas sócio-políticos (Comunismo, Fascismo) que afirmavam estar construindo o “novo homem”, enquanto Portugal continuava com seu provincianismo e sua letargia histórica.
Portanto, a existência do poeta estava dilacerada pela ausência de verdades absolutas e um caos interior parecia fragmentar sua personalidade e, em seguida, multiplicá-la. Estabeleciam-se as condições de nascimento dos heterônimos.
Ao contrário dos pseudônimos – vários nomes para uma mesma personalidade – os heterônimos constituem várias pessoas que habitam um único poeta. Cada um deles tem a sua própria biografia, sua temática poética singular e seu estilo específico.É como se eus fragmentados e múltiplos explodissem dentro do artista, gerando poesias totalmente diversas. O próprio Fernando Pessoa explicou os seus heterônimos:
Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria.
Assim têm estes poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de Campos que ser considerados. Não há que buscar em quaisquer deles idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler.
Em outra ocasião, o poeta explicou o nascimento de cada um dos heterônimos:
Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (…)
Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à idéia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas cousas em verso irregular (não no estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)
Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada (…). Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira – foi em 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. (…)
Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscientemente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfa de Álvaro de Campos – a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem. (…)
Nasceu em Lisboa e aos 5 anos tornou-se órfão de pai. Foi levado pela mãe e pelo padrasto para a África do Sul, onde fez seus estudos secundários com notável brilho. Aos 17 anos, regressou a Lisboa e cursou Letras e Filosofia, mas sua profissão foi a de correspondente comercial em línguas estrangeiras. Em 1915, liderou um grupo de jovens no lançamento da revista Orpheu, que marca o início da literatura moderna em Portugal. Após o desaparecimento da revista, Pessoa entregou-se a uma vida solitária dedicada à poesia e ao álcool. Seus poemas são divulgados pela prestigiosa revista Presença, mas o único livro publicado em sua vida foi Mensagem. Uma aguda crise de cirrose hepática o mataria aos 47 anos. Apesar da relativa obscuridade em que veio a falecer, era certamente uma das grandes vozes da poesia ocidental do século XX.
OBRA
Traduzindo um mundo multifacetado (ele é contemporâneo da I Guerra Mundial), em que todos os valores considerados eternos desabavam, todas as certezas desapareciam e uma imensa crise filosófica e ideológica comovia o Ocidente, Fernando Pessoa registraria poeticamente esse vácuo aberto diante de sua alma de artista moderno.
Não podemos esquecer que atrás de si, ele tinha a poesia suprema de Camões e a de todos os clássicos portugueses. Ou seja, uma tradição impossível de ser renegada. Já diante do presente, Pessoa se sentia seduzir pelos experimentos de vanguarda, cubismo e futurismo em especial, o que o aproximava das rupturas literárias mais radicais. Atrás de si ele tinha um país que conquistara parte do mundo e que hoje – conforme sua próprias palavras – era apenas “nevoeiro”. Já no presente, deparava-se com a emergência de novos sistemas sócio-políticos (Comunismo, Fascismo) que afirmavam estar construindo o “novo homem”, enquanto Portugal continuava com seu provincianismo e sua letargia histórica.
Portanto, a existência do poeta estava dilacerada pela ausência de verdades absolutas e um caos interior parecia fragmentar sua personalidade e, em seguida, multiplicá-la. Estabeleciam-se as condições de nascimento dos heterônimos.
Ao contrário dos pseudônimos – vários nomes para uma mesma personalidade – os heterônimos constituem várias pessoas que habitam um único poeta. Cada um deles tem a sua própria biografia, sua temática poética singular e seu estilo específico.É como se eus fragmentados e múltiplos explodissem dentro do artista, gerando poesias totalmente diversas. O próprio Fernando Pessoa explicou os seus heterônimos:
Por qualquer motivo temperamental que me não proponho analisar, nem importa que analise, construí dentro de mim várias personagens distintas entre si e de mim, personagens essas a que atribuí poemas vários que não são como eu, nos meus sentimentos e idéias, os escreveria.
Assim têm estes poemas de Caeiro, os de Ricardo Reis e os de Álvaro de Campos que ser considerados. Não há que buscar em quaisquer deles idéias ou sentimentos meus, pois muitos deles exprimem idéias que não aceito, sentimentos que nunca tive. Há simplesmente que os ler como estão, que é aliás como se deve ler.
Em outra ocasião, o poeta explicou o nascimento de cada um dos heterônimos:
Desde criança tive a tendência para criar em meu torno um mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram. (…)
Aí por 1912, salvo erro (que nunca pode ser grande), veio-me à idéia escrever uns poemas de índole pagã. Esbocei umas cousas em verso irregular (não no estilo Álvaro de Campos, mas num estilo de meia regularidade), e abandonei o caso. Esboçara-se-me, contudo, numa penumbra mal urdida, um vago retrato da pessoa que estava a fazer aquilo. (Tinha nascido, sem que eu soubesse, o Ricardo Reis.)
Ano e meio, ou dois anos depois, lembrei-me um dia de fazer uma partida ao Sá-Carneiro – de inventar um poeta bucólico, de espécie complicada (…). Levei uns dias a elaborar o poeta mas nada consegui. Num dia em que finalmente desistira – foi em 8 de Março de 1914 – acerquei-me de uma cómoda alta, e, tomando um papel, comecei a escrever, de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos poemas a fio, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir. Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim. Abri com um título, O Guardador de Rebanhos. E o que se seguiu foi o aparecimento de alguém em mim, a quem dei desde logo o nome de Alberto Caeiro. (…)
Aparecido Alberto Caeiro, tratei logo de lhe descobrir – instintiva e subconscientemente – uns discípulos. Arranquei do seu falso paganismo o Ricardo Reis latente, descobri-lhe o nome, e ajustei-o a si mesmo, porque nessa altura já o via. E, de repente, e em derivação oposta à de Ricardo Reis, surgiu-me impetuosamente um novo indivíduo. Num jacto, e à máquina de escrever, sem interrupção nem emenda, surgiu a Ode Triunfa de Álvaro de Campos – a Ode com esse nome e o homem com o nome que tem. (…)
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